segunda-feira, 21 de maio de 2012

ESCAPADA - por Rosa Antuña

Can I get a ride? I'm running away from this World


No princípio amava as pessoas.
Pensava que tudo seria certo e justo.
Até que houve a primeira partida;
a segunda, a terceira...
Sempre tinha alguém escapando de mim.

Nunca gostei das despedidas, 
embora tenham sido necessárias.
A dúvida me trazia um aperto
e a certeza me segurava o choro.
Só choro quando estou só.
De preferência no escuro.
É quando não me seguro

e grito.

Da minha sorte tinha uma certeza:
nasci pra ficar sozinho.
Sem amor e sem carinho,
apenas um copo na mesa.

No princípio amava as pessoas.
Não pensava que tudo seria incerto e injusto.
E cada escapada doía tanto
que fui deixando o amor de lado.
O amor foi ficando sem jeito
e o coração batendo calado no meu peito
foi construindo um muro
- bem duro -
de pedra e aço,
que arrebentava qualquer laço
ou tentativa de abraço.
Que não deixava ninguém entrar
e que não me deixava sair.

Foi quando parei de sentir
e fiquei assim, anestesiado.
Um homem vivo com o olhar parado.
Não sentia dor, não sentia amor.
Tentei escapar da vida.

Mas não consegui escapar de mim.

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